24 dezembro 2010

Leí, Néfi e os Magos


Dentre os personagens da história do natal narrada nas escrituras,sempre tive curiosidade sobre os magos que seguiram a estrela ao encontro do menino Jesus.Há algum tempo encontrei um texto bastante interessante que quero deixar como sugestão de leitura para esta época natalina: "O Livro de Mórmon Desvenda o Mistério do Natal?" de Gerge Potter da Ancient America Foundation. Neste texto o autor faz uma interessante ligação entre a viajem dos magos narrada no Novo Testamento e de Leí e sua família contada no Livro de Mórmon.

Embora tenham ocorrido em épocas diferentes, é possível que a caravana liderada por Leí e Néfi tenha influenciado na busca dos magos pelo menino Messias. No texto, George Potter explica que os magos vieram do leste e que na Bíblia o termo leste é usado para definir a região da Arábia. O autor relembra que Leí e sua família passaram oito anos na região Arábica e mais algum tempo enquanto o navio era construído. Durante este tempo, certamente Leí e Néfi pregaram o evangelho naquela região (D&C 33:7-8). Uma das revelações recebidas por Leí no sul da Arábia era que o Messias nasceria entre os judeus 600 anos após ele ter saído de Jerusalém com seus familiares (1Néfi 10:4). Isso poderia explicar o conhecimento que os magos possuíam de que o Messias nasceria entre os judeus e por isso o procuraram para adorá-lo (Mateus 2:2).

É sempre interessante notar como mais luz pode ser lançada sobre fatos narrados na Bíblia por meio do Livro de Mórmon. Não sabemos com exatidão muito a respeito dos magos: seu nome, local de origem, como obtiveram seu conhecimento sobre o Messias e qual teria sido a influência da pregação de Leí e Néfi nisso. Mas, o que sabemos é que eles sabiam com exatidão que o Messias viria ao mundo e que deveriam vir a Ele para Adorá-lo. Esta é certamente a lição que podemos aprender com eles, de buscar o mesmo conhecimento e ter a mesma atitute.

O texto "O Livro de Mórmon Desvenda o Mistério do Natal?" de Gerge Potter pode ser lido clicando aqui.

12 outubro 2010

O Livro de Mórmon e o Templo

No dia 23 de Setembro de 2010, estava na sala celestial do Templo de Campinas orando por um problema que estava me deixando muito preocupada. Ao terminar a oração estava me sentindo confiante, mas ainda queria uma confirmação mais clara do Senhor de que tudo ficaria bem. Estava prestes a pedir algum sinal quando parei e pensei melhor, achando que isto poderia parecer que eu estava tentando ao Senhor.

Logo em seguida, resolvi pegar o Livro de Mórmon para ler, pois senti que o Senhor teria uma mensagem para mim.

Abri em 2 Néfi 9:9, e li até o final do capítulo. Embora o capítulo todo seja bastante interessante vou destacar alguns versículos que chamaram minha atenção naquele momento.

Este capítulo trata dos ensinamento de Jacó para o povo de Néfi. Logo no início do capítulo vemos o seguinte resumo:
"Os Judeus serão coligados em todas as suas terras de promissão - A expiação resgata o homem da queda - Os corpos dos mortos sairão da sepultura e seus espíritos, do infernos e do paraíso - Eles serão julgados - A expiação salva da morte, do inferno, do diabo e do tormento eterno - Os justos serão salvos no reino de Deus - Declaradas as penalidades para os pecados - O Santo de Israel é o guardião da porta. Aproximadamente 559 - 545 a.C."
Os versículos que mais chamaram-me a atenção encontram-se abaixo com grifos meus.

2 Néfi 9:14 -- " Teremos portanto um conhecimento perfeito de todas as nossas culpas e nossa impureza e nossa nudez; e os justos terão um conhecimento perfeito de sua alegria e sua retidão, estando vestidos com pureza, sim, com o manto da retidão."

2 Néfi 9:41-43 -- "Ó, meus amados irmãos, vinde, pois, ao Senhor, o Santo. Lembrai-vos de que seus caminhos são justos. Eis que o caminho para o homem é estreito, mas segue em linha reta adiante dele; e o guardião da porta é o Santo de Israel; e ele ali não usa servo algum, e não há qualquer outra passagem a não ser pela porta; porque ele não pode ser enganado, pois Senhor Deus é o seu nome.

E a quem quer que bata, ele abrirá; e os sábio e os instruídos e os ricos que são orgulhosos de seu conhecimento e de sua sabedoria e de suas riquezas - sim, estes são os que ele despreza; e a menos que se despojem de todas estas coisas e considerem-se insensatos diante de Deus e humilhem-se profundamente, ele não lhes abrirá.

As coisas dos sábio e dos prudentes, porém, ser-lhes-ão ocultas para sempre - sim, aquela felicidade que está preparada para os santos."

Essas escrituras me fizeram pensar na importância do trabalho do templo que eu acabara de fazer. O quão importante é permanecermos justos e puros, pois seremos dignos de permanecer com o "manto da retidão" e termos um conhecimento perfeito de nossa alegria e retidão.

Precisamos ser sábios e prudentes para que ao batermos o Senhor nos abra, pois o guardião da porta será o próprio Senhor e Ele não pode ser enganado.

Outro versículo que chamou minha atenção nesse mesmo capítulo foi o 44: "Ó, meu amados irmãos, lembrai-vos de minhas palavras. Eis que tiro minhas vestimentas e sacudo-as diante de vós; rogo ao Deus de minha salvação que me olhe com seus olhos que tudo vêem; e sabereis portanto no último dia, quando todos os homens serão julgados por suas obras, que o Deus de Israel testemunhou que sacudi vossas iniquidades de minha alma e que me apresento limpo ante ele e estou livre de vosso sangue."

Neste outro versículo acho interessante o simbolismo dele tirar as vestimentas, sacudi as iniquidades do povo e por fim estar limpo dos pecados do povo. Sendo este um requisito inicial para que ele percorra o caminho estreito e reto citado anteriormente.

Só a título de curiosidade, coloco abaixo uma imagem que representa o olho que tudo vê. 


Este símbolo encontra-se no templo de Salt Lake City.

Planejamento, Fé e Bençãos - Na Busca pelas Placas de Latão

Depois de um tempinho sem escrever, vou mudar um pouco o assunto. Hoje escreverei um pouco sobre como planejamento e fé devem estar presentes para conseguirmos receber as bençãos do Senhor e termos sucesso em nossas ações.

A historia que me fez refletir sobre esses princípios é bem conhecida por muitos SUDs (Santos dos Últimos Dias). Ela está no Livro de Mórmon nos capítulos 3 e 4 de 1 Néfi e conta quando os filhos de Leí tiveram que retornar a Jerusalém para pegar as placas de latão com Labão que era um homem poderoso e tinha vários homens sob seu comando.

O que podemos aprender com essa história é que Néfi e seus irmãos fizeram três tentativas até conseguir adquirir as placas de latão, mas em cada uma dessas tentativas as atitudes deles são diferentes e somente na última tentativa Néfi tem a atitude mais acertada que o permite concluir seu trabalho com sucesso.

O que podemos observar na primeira tentativa é que eles não fizeram um plano de como pegariam as placas. Apenas "lançaram sortes", que caiu sobre Lamã. Este foi até Labão e apenas pediu as placas, mesmo sabendo que tipo de homem era Labão. Eles não criaram nenhuma estratégia, nem algum argumento para ser apresentado a Labão para que este aceitasse entregar as placas.

Na segunda tentativa, eles tinham um plano, que era entregar os seus bens (ouro, prata e todas as suas coisas preciosas) para Labão em troca das placas. Este cobiçou os bens da família de Leí, enviando seus servos para matar Néfi e seus irmãos com o objetivo de se apoderar de seus bens. Objetivo este que foi alcançado, pois Néfi e seus irmãos tiveram que abandonar seus bens para conseguirem fugir dos servos de Labão.

Após esta segunda tentativa, Lamã e Lemuel enfureceram-se com Néfi e seu pai, chegando a agredir seus irmãos mais novos (Néfi e Sam). Foi preciso a intervenção de um anjo para fazer Lamã e Lemuel pararem de agredir seus irmãos, mas esta aparição não foi suficiente para aumentar a fé desses dois irmãos de Néfi,. Mesmo o anjo afirmando que deveriam retornar a Jerusalém, pois o Senhor entregaria Labão em suas mãos.. Nem as palavras de Néfi relembrando que o Senhor é mais poderoso que toda a terra (1 Né. 4:1) fez com que eles ficassem mais confiantes nas promessas do Senhor. Apesar de suas murmurações, eles seguiram Néfi até as muralhas de Jerusalém.

Nessa terceira e última vez, Néfi foi sem ter feito um plano, mas estava sendo conduzido pelo Espírito (1Né. 4:6). Desta forma, Labão realmente foi entregue em suas mãos.

Néfi demonstra sua fé após a primeira e a segunda tentativa quando diz, "Sejamos, portanto, fiéis aos mandamentos do Senhor". (1 Né. 3:16; 4:1) Apesar das dificuldades que haviam terminado de passar, Néfi estava decidido a ser fiel aos mandamentos do Senhor.

Com essa historia aprendemos que Néfi só conseguiu as placas depois de fazer mais do que pedir. Ele planejou. Mesmo seu plano não dando certo, ele demonstrou sua fé no Senhor ao retornar a Jerusalém sem ter elaborado um novo plano, mas sabia que estava sendo conduzido pelo Espírito. Só depois disto, o Senhor fez a sua parte, o milagre.

Para termos sucesso em nossa vida devemos fazer o mesmo, conforme resumo abaixo:

1º) Pedir ao Senhor que nos abençoe com o que precisamos;
2º) Elaborar um plano para alcançarmos o que pedimos;
3º) Ter fé para mudar nosso plano ou até mesmo abandoná-lo ao sermos inspirados pelo Senhor;
4º) Ser conduzido pelo Espírito, ou seja, devemos seguir o plano elaborado pelo Senhor, não o nosso;
5º) Receber o milagre que o Senhor nos oferece, sem ficarmos temerosos ou duvidosos e
6º) por fim, devemos ser gratos assim como Néfi e sua família foi grata por terem conseguido as placas de latão e serem protegidos pelo Senhor durante todo esse processo. ( "E aconteceu que se regozijaram muito e ofereceram sacrifícios e holocaustos ao Senhor; e renderam graças ao Deus de Israel." 1 Néfi 5: 9)

26 setembro 2010

Aprendendo com os detalhes

Às vezes um detalhe nas escrituras pode evidenciar uma grandiosa doutrina do plano eterno de Deus. Encontramos um destes exemplos lendo o livro de Jó. No primeiro capítulo deste livro, nos versículos 2 e 3 encontramos as seguintes informações:

"E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.

E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente."

A princípio estes números parecem ter sido registrados apenas para mostrar o quão prospero era Jó ou quão grande foram suas perdas, já que, devido a sucessivas tragédias,ele perdeu todos os seus bens e filhos. Porém, podemos aprender mais através destes números. Depois que a história das provações e fidelidade de Jó é narrada, vemos que o Senhor abençoou este profeta. Em Jó 42:12-13 lemos:

"E assim abençoou o SENHOR o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas.

Também teve sete filhos e três filhas."

Se comparmos estes versículos com Jó 1:2-3 veremos que tudo o que Jó havia perdido, o Senhor concedeu novamente em dobro. Somente o número dos filhos de Jó não é citado em dobro no versículo 13 do capítulo 42. É neste ponto que os números se tornam mais do que apenas dados sobre a vida de Jó. Os dez filhos que Jó tinha inicialmente não foram perdidos para sempre ao contrário dos seus bens. Portanto o Senhor permitiu que Jó tivesse mais dez filhos sendo que os outros dez primeiros filhos ainda pertenciam a ele. Este detalhe na escritura nos lembra que no plano eterno, as famílias podem ser eternas. Ao contrário dos nossos bens que não levaremos desta vida mortal, os laços familiares podem ser prolongados para além da mortalidade e perdurarem para toda a eternidade.

11 julho 2010

Simbologia do Templo: Fonte Batismal

A fonte batismal passou a ser incluída nos templos modernos a partir da construção do Templo de Nauvoo quando o Senhor revelou ao Profeta Joseph Smith o seu propósito conforme registrado em D&C 124:29-33. A fonte batismal seria construída para a realização de batismos em lugar e a favor dos mortos assim como na época do Novo Testamento 1Coríntios 29:15). O apóstolo Paulo ensinou em sua carta aos Romanos que a ordenança do batismo possui um simbolismo de sepultamento da vida antiga em pecado e de renascimento para uma nova vida em Cristo (Romanos 6:3-5). A fonte batismal tanto nas capelas como nos templos, está abaixo do nível do solo tornando o simbolismo de sepultamento e renascimento do batismo ainda mais significativo (D&C 128:12-13).

Nos templos a fonte batismal está sobre doze bois da mesma forma como o mar de fundição no Templo de Salomão (1Reis 7:23-26, 2Crônicas 4:2-6). As fontes nos templos do Velho Testamento eram usadas para rituais de lavamento dos sacerdotes. Somente após a ressurreição de Cristo é que a ordenança do batismo vicário começou a ser realizada. Os doze Bois são usados para representar as doze tribos de Israel. Os bois estão divididos de 3 em 3 sendo que cada trio está virado para uma direção: norte, sul, leste e oeste simbolizando a coligação de Israel dos quatro cantos da Terra. Contudo, o boi foi o animal usado para representar a tribo de José (Deuteronômio 33:17). Portanto, porquê todas as doze tribos que possuem seus próprios símbolos, são representadas pelo boi que é o símbolo da tribo de José? As revelações modernas mostram que a tribo de José que possui a primogenitura terá um importante papel nestes últimos dias sendo responsável pela coligação de todas as tribos de Israel (2Néfi 3:3-24, TJS - Gên.50). O nome José em hebraico é Asaph e significa " ele é quem coliga".



Foto acima: Fonte batismal do Templo de Draper, Utah - EUA

Fonte do texto: Matthew B. Brown e Paul Thomas Smith, Symbols in Stone: Symbolism on the Early Temples of the Restoration, p.94-96.

04 julho 2010

Lições do Livro de Mórmon: Imagem de Deus em nossos semblantes

No capítulo 5 do Livro de Alma, o profeta faz o seguinte questionamento:

"E agora, eis que vos pergunto, meus irmãos da igreja: Haveis nascido espiritualmente de Deus? Haveis recebido sua imagem em vosso semblante? Haveis experimentado esta poderosa mudança em vosso coração?"

O vídeo a seguir é parte de um documentário chamado "Journey of Faith: The New World" contendo comentários de estudiosos de diferentes áreas. Os comentários no vídeo ajudam a termos uma compreensão maior sobre o contexto relacionado ao conceito de ter a imagem divina no semblante.

28 junho 2010

Simbologia do Templo: Pedra da Lua

Além de formas geométricas, outro tipo comum de símbolos nos templos são os emblemas astronômicos. Dentre eles, temos a pedra da Lua (moonstone) conhecida principalmente por fazer parte da decoração do templo de Nauvoo e de Salt Lake. No templo de Nauvoo, a pedra da lua pode ser encontrada na base de seus pilares como uma lua crescente com a face voltada para baixo. Além de servir como um sinal da Segunda Vinda (Isaías 13:9, Mateus 24:29, Apocalipse 6:12-13, D&C 29:1434:9; 45:42; 88:87, 133:49), a lua também é usada como símbolo da glória terrestrial:

"E também vimos o mundo terrestre e eis que estes são os que pertencem ao terrestre, cuja glória difere da glória da igreja do Primogênito, que recebeu a plenitude do Pai, assim como a glória da lua difere da do sol no firmamento". D&C 76:71


Acima, foto de uma Pedra da lua no Templo de Nauvoo por Scot Facer Proctor

Em alguns outros templos, incluindo o de Salt Lake, as quatro fases da lua aparecem representadas na decoração. Essas fases da lua sugerem os estágios do progresso humano: nascimento, vida, morte e ressurreição e também sua jornada de um estado de trevas para um de luz.


As duas fotos acima mostram detalhes da parte externa do templo de Albuquerque no Novo México, EUA. À esquerda, a pedra da lua aparece como uma lua crescente e à direita o símbolo é de uma lua cheia. Fotos por Altus


Foto acima de uma das paredes do templo de Preston na Inglaterra mostrando as quatro fases da lua.

Fonte:

Matthew B. Brown e Paul Thomas Smith, Symbols in Stone: Symbolism on the Early Temples of the Restoration, p.98,150-151.

27 junho 2010

Banqueteai-vos com as palavras de Cristo (Parte IV)

A 3ª dica fala sobre o uso de gravuras e adesivos nas escrituras.

De acordo com a autora, "colocar fotos e adesivos em suas escrituras SUD é uma forma muito divertida de animar o seu tempo de estudo e é perfeito para estudantes de todas as idades."

Ela fala de utilizarmos os adesivos "see-through", que são adesivos bem finos e transparentes que podem ser colocados sobre as escrituras e não cobrem o que esta escrito e nem engrossa as paginas.

Um ponto importante, é que eles são caros (inclusive ela cita isso) e não vende aqui no Brasil. Caso vocês tenham a chance de pedir para alguém trazer dos EUA,  vale a pena.

Ela também ensina a fazer os próprios adesivos cortando fotos das revistas da Igreja, especialmente fotos do "Amigo", ou imprimir alguns cliparts SUDs.

Uma dica importante ao colar fotos, é usar uma cola bastão e só colocar uma pequena quantidade de 
cola na parte da imagem que será anexada a margem e não colocar cola nas partes que cobrem o texto. Desta forma, você pode levantar a imagem para ler o texto abaixo dela. 

Adesivos também são bastante interessantes de serem usados. Só não podem cobrir partes do texto. Para isso, utilize adesivos que caibam nas margens. Vocês podem usar adesivos de coração ou estrela para marcar os versículos favoritos ou então aqueles que tocaram seu coração enquanto estavam estudando.

Utilizei essa técnica e funcionou muito bem para mim. Comprei pequenos adesivos de coração e colei ao lado dos versículos que mais me tocaram. Hoje quando vejo uma coração numa página, já sei que tem uma escritura favorita ou muito importante ali.

Lições do Livro de Mórmon: Humildade

A etimologia (estudo da origem das palavras) pode ajudar a tornar o estudo das escrituras mais significativo. Tive um exemplo disso estudando o sonho de Leí em 1 Néfi 8 no Livro de Mórmon. Neste capítulo lemos que Leí sonhou que estava em um campo largo e espaçoso que representava o mundo (1 Néfi 8:20). Neste campo, ele viu alguns grupos de pessoas que através da barra de ferro representando a palavra de Deus (1 Néfi 11:25), tentavam chegar até a árvore da vida, símbolo do amor de Deus (1 Néfi 11:21-22). Ele também viu que muitos se perderam em meio a uma densa névoa de escuridão que simboliza as tentações do diabo (1 Néfi 12:27). Durante a sua narrativa, Leí descreve a presença de um outro elemento de sua visão:

"E eu também olhei em redor e vi, na outra margem do rio de água, um grande e espaçoso edifício; e ele parecia estar no ar, bem acima da terra." 1 Néfi 8:26

Posteriormente, em 1 Néfi 11:36, Néfi explica que este grande e espaçoso edifício representa o orgulho do mundo. Resolvi pesquisar a etimologia da palavra humildade que é o oposto de orgulho. Ela vem do latim humus que significa chão. Então podemos ver o humilde como aquele que tem os pés no chão, que não exalta a si próprio. A respeito das pessoas que ocupavam o edíficio, Leí disse:

"E estava cheio de gente, tanto velhos como jovens, tanto homens como mulheres; e suas vestimentas eram muito finas; e sua aatitude era de escárnio e apontavam o dedo para aqueles que haviam chegado e comiam do fruto." 1 Néfi 8:27

Vemos portanto que os moradores do grande e espaçoso edifício eram pessoas orgulhosas e então fica claro porque no sonho este edifício é representado acima do chão, sem ter alicerce. Mais adiante, Néfi narra o destino que teve o grande e espaçoso edifício da seguinte maneira:

"E aconteceu que vi e testifico que o grande e espaçoso edifício era o aorgulho do mundo; e ele caiu e sua queda foi muito grande."

O grande e espaçoso edifico e seus moradores foram levados ao chão de forma forçada. Se o humilde é aquele que mantém os pés no chão, o humilhado é aquele que por não querer demonstrar humildade, acaba sendo levado ao chão. O final do edifício do sonho de Leí é uma metáfora do que as escrituras predizem:

"E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado." Mateus 23:12


Lehi's Dream, pintura por Damir: http://www.damirkrivenko.ru

26 junho 2010

Simbologia do Templo: Quadrado e Círculo

Após o ótimo começo que a Thaís deu ao blog, agora é minha vez de estrear por aqui. Escolhi um dos meus assuntos favoritos no evangelho: símbolos. Lendo as escrituras vemos que um dos métodos preferidos pelo Senhor para ensinar Seus filhos é através dos símbolos. Essa é uma linguagem de alcance universal e é capaz de fixar princípios de forma mais profunda na mente e no coração das pessoas.

Além das escrituras, encontramos um vasto uso de símbolos nos templos que nos ensinam sobre os princípios do evangelho e do plano eterno. Com a intenção de mostrar a beleza de significado por trás dos símbolos encontrados nos templos, farei uma série de postagens sobre este assunto. Em cada post falarei sobre um símbolo específico abordando seu significado. Então vamos ao primeiro:

O primeiro é um símbolo simples de belo significado. É constituído pela união de duas figuras geométricas: um círculo dentro de um quadrado. Hugh Nibley descreve em seu trabalho o círculo representando a circunferência dos céus e o quadrado como os quatro cantos da Terra. A junção destes dois símbolos geométricos lembra-nos que no templo é onde o céu e a terra se unem. O Élder John H. Groberg que foi membro dos Setenta explicou muito bem a importância dessa interação em nossas vidas em um trecho do seu livro "O Outro Lado do Céu":

" Existe uma conexão entre o céu e a terra. Encontrá-la faz com que tudo tenha sentido, inclusive a morte. Não encontrá-la torna tudo sem sentido, inclusive a vida".


Foto de uma das salas do Templo de Draper em Utah, EUA. Neste templo o símbolo do círculo no quadrado aparece no design da cadeira.

Fonte:

Hugh B. Nibley, "The Circle and the Square", Temple and Cosmos, p. 139-73.

Matthew B. Brown e Paul Thomas Smith, Symbols in Stone: Symbolism on the Early Temples of the Restoration, p. 154.

Banqueteai-vos com as palavras de Cristo (Parte III)

A 2ª dica explica a importância de se usar as notas de rodapé como referência para o aprofundamento da compreensão do evangelho no estudo das escrituras.
A autora sugere que "durante a leitura de uma passagem preste atenção às palavras ou frases que "saltam em você" ou seja, você as achou interessantes, curiosas, ou não tem certeza do que elas significam. Se há uma referência de rodapé (a minúsculas a, b, c, etc, antes da palavra) olhe para o fim da página onde você verá as notas de rodapé (listados por capítulo e versículo) e referências relacionadas ou outras notas."
A autora relata que gosta de circulas a pequena letra em ambos, no versículo e na nota de rodapé correspondentes. A seguir ela utiliza um marcador de página ou um pedaço de cartão firme e faz uma linha entre as duas letras (ver foto no site). Ela também gosta de adicionar uma seta apontando para a nota. Se você estiver usando o sistema de código de cores (1ª dica) Você pode sublinhar a referência de rodapé na sua cor correspondente.
Segundo a autora , "após fazer isso, você ficará espantado com todas as jóias que você encontrará."

A minha experiência com essa técnica só me faz repetir a última afirmação dela, de que realmente ficamos espantados com todas as jóias que encontramos.
Utilizei essa técnica uma vez ao ler o Livro de Mórmon de capa a capa. Em cada referência às notas de rodapé eu parava e ia ler as referências , ou seja, outros versículos nas escrituras ou tópicos do guia de estudos das escrituras que estavam relacionados com aquele mesmo tema.
Ao terminar de ler o Livro de Mórmon tinha aprendido muito mais do que nas outras vezes, e minha compreensão das diversas associações que partes diferentes das escrituras fazem entre si aumentou extraordinariamente.

25 junho 2010

Banqueteai-vos com as palavras de Cristo (Parte II)

São 9 dicas. A 1ª é usar cores para codificar as escrituras.

A autora do site diz que esta tecnica funciona muito bem com iniciantes, experientes, crianças ou adultos.
Para começar é preciso comprar canetas ou lápis de cor de boa qualidade. É preciso verificar se a tinta deles não vai aparecer do outro lado da página já que as folhas das escrituras são muito finas.
Podem ser marcadas palavras, frases, versículos ou seções inteiras das escrituras com a cor que vc associar a um tópico ou assunto. A lista de assuntos/cores utilizados pela autora está abaixo, mas pode-se usar mais ou menos topicos/cores em sua propria lista.

1. Vemelho = Pai Celestial, Cristo
2. Pessego = Espírito Santo
3. Laranja = Caridade, serviço
4. Amarelo Claro = Fé, esperança
5. Amarelo Escuro = Arrependimento
6. Dourado = Criação, Queda
7. Rosa = Retidão das pessoas
8. Verde Claro = Salvação, vida eterna
9. Verde Escuro = Profecias que ainda nao foram cumpridas
10. Azul Claro = Oração
11. Azul Escuro = Iniquidade das pessoas / Trabalhos do mau
12. Roxo = Profecias já cumpridas
13. Marrom = Batismo

As maneiras para marcar podem ser sublinhar todo o versículo ou marcar ao redor dele e qualquer outro versículo correspondente antes e depois deste.


Minhas experiência com essa técnica me mostrou que ao me preocupar em encontrar os topicos da minha lista eu passei a me ater aos detalhes de cada versículo que antes acabavam passando despercebidos e acabei aprendendo muito mais.
Pude tb notar coisa interessantes como por exemplo, no livro de Mórmon a marcação para misericórdia aparece em maior número vezes do que justiça e que o lápis usado para marcar quaisquer assuntos relacionados a Jesus Cristo ficou bem menor do que os utilizados para marcar outros temas (fé, escrituras, misericórdia, etc). Sendo assim pude ver que Ele é mais citado do que qualquer outro assunto da minha lista. 

Outro detalhe importante é não começar com uma lista tão grande. O ideal é ter uns 4 tópicos para encontrar, e nas leituras seguintes (do livro de Mórmon, por exemplo) ir criando novos tópicos. Ao se criar uma lista grande, a leitura pode ficar cansativa por ter que prestar maior atenção e verificar se algum daqueles vários itens aparecem, ou deixar de marcar algum versículo por esquecimento.

23 junho 2010

Banqueteai-vos com as palavras de Cristo (Parte I)

Existe um comunidade no Orkut criada pelo Gustavo (Ensino, não há maior chamado) na qual abrimos um tópico para debatermos sobre o estudo das escrituras. Nesse tópico além de colocarmos algumas escrituras sobre o tema, colocamos alguns recursos para desenvolvimento da capacidade de estudar as escrituras, pois como o objetivo da comunidade é falar sobre ensino, antes de ensinarmos precisamos aprender.
Vamos colocar as informações daquele tópico aqui no blog, mas ampliaremos algumas partes que julgamos estarem incompletas ou carecendo de aprofundamento.
Nosso objetivo é permitir o acesso a esses materiais e recursos por aqueles que desejam aproveitar melhor seu tempo de estudo das escrituras.
Encorajamos que nos enviem outras sugestões e comentem as técnicas apresentadas,  para sabermos se deram certo ou não com vocês.

Qual a importância do estudo das escrituras?


Em 2 Néfi 32:3 lemos: "(...)Banqueteai-vos com as palavras de Cristo, pois eis que as palavras de Cristo vos dirão todas as coisas que deveis fazer." (Grifo nosso)
Creio que muitos estão desnecessariamente famintos e desnutridos espiritualmente por não aplicarem esse conselho em suas vidas.
Se atentarmos para essa escritura, veremos que somos orientados a nos banquetearmos com as palavras de Cristo. Se as palavras de Cristo podem ser banqueteadas, é porque são como alimento para nós. E se temos um banquete a nossa disposição do qual o Senhor e anfitrião não nos cobra nada em troca, por que então ainda não nos sentimos saciados espiritualmente?
Provavelmente a resposta está em João 5:39: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam".
Quantos de nós não fomos a um médico nos sentindo muito mal e nos sentimos bastante irritados, pois sentimos que não fomos adequadamente examinados?
Examinar é observar minuciosamente, é refletir sobre aquilo que estamos olhando e chegarmos a algumas conclusões. O mais animador nesse exame que devemos fazer das escrituras é saber que, como diz na escritura anterior, ele nos levará a vida eterna.

Como melhorarmos nosso estudo das escrituras?

Como vimos anteriormente, muitos de nós estão desnutridos ou subnutridos espiritualmente porque não estão examinando adequadamente as escrituras. Estudar / examinar é diferente de apenas ler. Muitos sabem disso, mas possuem dificuldades em melhorar a maneira como se relacionam com as escrituras, por não saber como aperfeiçoar seu estudo. Devido a isso, apresentaremos algumas técnicas que ajudarão a aproveitar melhor seu tempo de estudo de escrituras, mesmo que você seja uma pessoa muito ocupada e só disponha de 15 minutos diários para estudar. Esses 15 minutos podem ser muito bem aproveitados e dando, ao fim, uma sensação de saciedade em nossa "fome" espiritual.

Para quem não sabe inglês, não precisa ficar triste. Iremos comentar cada uma das dicas nos próximos posts.

20 junho 2010

(Α) SOU ALFA E OMEGA (Ω)

Este texto foi escrito e enviado para a revista "A Liahona" em Abril de 2010 (ver MOTIVO ALFA - Como tudo começou).

SOU ALFA E ÔMEGA

Gosto muito de estudar as escrituras e sempre achei incrível podermos encontrar significados novos em passagens das escrituras já conhecidas por nós, à medida que as relemos em épocas diferentes de nossa vida.
Há alguns anos resolvi estudar o Livro de Mórmon lendo cada uma das referências que se encontram nas notas de rodapé, inclusive verificando o significado de determinados termos no GEE (guia para estudo das escrituras).
Num certo dia, deparei-me com o seguinte versículo: “Eu sou a Luz e a vida do mundo, sou Alfa e Ômega, o princípio e o fim” (3Néfi 9:18). Como já vinha fazendo, recorri às notas de rodapé que me indicavam o verbete Alfa.
No verbete “Alfa e Ômega”, encontrei a seguinte explicação: “Alfa é a primeira letra do alfabeto grego; Ômega é a última. Também são nomes dados a Jesus Cristo e são usados como símbolos para demonstrar que Cristo é o princípio e o fim de toda a criação”.
Como quis compreender mais profundamente o que esses termos nos ensinam sobre Jesus Cristo, fiquei ponderando sobre o significado de Cristo ser considerado o princípio e o fim de toda criação. Após reflexão e com a ajuda do dicionário, foi isso o que descobri:

Em que sentido Jesus Cristo é Alfa?

Ele é o princípio de toda criação, ou seja, foi tanto quem deu início à criação do céu e da Terra, quanto é o fundamento (a rocha) desta criação. Ele é o primogênito do Pai e foi o primeiro a ressuscitar.
Isso me fez lembrar de uma declaração do Profeta Joseph Smith, que se encontra em D&C 76:24. “Que por ele e por meio dele e dele os mundos são e foram criados, e seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus”.

Em que sentido Jesus Cristo é Ômega?

Ele é o fim de toda a criação. Algumas definições de fim (Houaiss, 2004) são: “o que se busca alcançar, objetivo, finalidade”. Isso quer dizer que o nosso objetivo como criações do Senhor é buscarmos ser como Cristo.
Também pode-se usar a palavra causa como um sinônimo de fim. E a definição de causa é "aquilo ou aquele que faz que uma coisa exista; aquilo ou aquele que determina um acontecimento, razão, motivo" (Aurélio, 1988).
Outro sentido relacionado ao fim, é que Cristo também estará no fim, isto é, no juízo final.

Um versículo que reafirma esses sentidos citados anteriormente diz que "(...) ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." (Colossenses 1:17). Esse versículo também me faz pensar sobre as maneiras pelas quais subsistimos (continuamos a existir, temos vida) por causa de Cristo.

Depois de ter estudado o versículo 18 de 3 Néfi 9 fiquei encantada por descobrir que uma afirmação tão simples quanto Cristo ser Alfa e Ômega, poderia simbolizar profundamente a vida e o papel do Salvador, o que aumentou ainda mais meu testemunho e amor por Ele e pelo estudo das escrituras.

MOTIVO ALFA - Como tudo começou.

Para iniciar, tenho que apresentar o motivo"alfa" que permitiu o surgimento deste Blog.
Em 2007, eu participava ativamente de uma comunidade do Orkut (SUD - Santos dos últimos Dias). Certo dia surgiu um tópico no qual perguntavam: "Alfa e ômega Alguém sabe pq este é um dos nomes de Jesus?"

Ao ver esta pergunta, imediatamente quis responder, pois ao estudar as escrituras havia feito algumas reflexões sobre possíveis significados desta afirmação. A minha resposta chamou a atenção do Gustavo que acabou se tornando um grande amigo por termos uma característica em comum, o desejo de conhecer profundamente as escrituras.

Com o tempo não foi apenas as escrituras que continuamos a conhecer profundamente. Vimos que nosso modo de pensar, a maneira como vemos a vida e nosso gostos eram bastante semelhantes. Com isso, foi natural desejarmos vencer os 434 km que nos separavam e nos conhecermos pessoalmente.

Essa grande amizade virou namoro com constantes trocas de reflexões sobre as escrituras e seus simbolismos. Por fim decidimos criar esse blog para compartilharmos o conhecimento que temos adquirido de nosso estudo das escrituras. Esta é a nossa primeira criação em conjunto, e espero que não seja a única.

Para finalizar, gostaria de convidá-los a ler um texto (Sou Alfa e Omega) que desenvolvi em 18 de Abril deste ano, como resultado daquelas minhas reflexões que foram colocadas na comunidade do Orkut em 2007. Escrevi este texto por dois motivos, tanto para organizar minhas idéias sobre este assunto, quanto para enviá-lo para a revista "A Liahona". O texto foi enviado, mas até agora não me informaram se ele será ou não  publicado.